quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Ironia pouca...

Ironia pouca é bobagem. Como eu não percebi que criei um montão de expectativas sobre mim mesma ontem, em vez de zero? Hello? >_< Bonito... Aprende, agora!

#epicfail

Não foi nada, nada bonito ontem, mas não vou entrar em detalhes. Aliás, melhor eu não entrar mais em detalhe algum do gênero "I'm a mess" daqui pra frente, porque não é muito produtivo. Só deixa as pessoas preocupadas desnecessariamente sobre essa perfeita estranha que sou eu -- só mais um blog no infinito oceano dos blogs. Pra quê? Não tem cabimento e não é justo. É também pouco relevante dado o propósito principal desse blog. Dentro dele, já falei tudo o que era importante (e além) no épico post "Minha história". Não interessa eu continuar fazendo aqui pós-escritos dramatiques-tragiques mimimi àquele post.

Ademais, eu tive um momento de iluminação óbvia ontem. Sim, explico: iluminação óbvia é aquela constatação a que você chega pela enésima vez, só que ela te atinge com uma força de indubitável clareza que não deixa mais qualquer sombra de dúvida. Não existe mais "pode ser", "é possível" ou "talvez". A dúvida acabou quanto a essa constatação. E isso vai ter que ser a primeira coisa que eu vou dizer pra um terapeuta quando eu chegar lá. Porque agora também não tem mais como negar o fato de que eu preciso de um. AGORA, EU SEI QUAL É O MEU PROBLEMA E SEI QUE, SOZINHA, NÃO CONSEGUI SAIR DELE -- VIDE ÚLTIMOS 15 ANOS, É PROVA SUFICIENTE.

Sim, agora, sim, uma boa terapia faz sentido e é bem-vinda. Porque pagar terapeuta esperando que ele te diga qual é o seu problema nuclear ou que ele te ajude a descobri-lo pra só depois vocês estudarem as melhores formas de sair dele pode acabar terrivelmente mal e com piora avassaladora. Disso, também não tenho mais a menor dúvida -- de novo, vide últimos 15 anos, terapia on and off, só decepção, avanços infinitesimais, chuva no molhado, chavões, frases feitas, etc etc, prova suficiente. Isso sem contar os gerundismos, a falta de refino e o quanto eu senti minha inteligência subestimada. Não é porque eu tô sofrendo e tô no chão que eu fiquei acéfala ou deixei de ser eu mesma com uma personalidade, defeitos e qualidades. Não me trata como uma imbecil, entende? >_>

E o que eu tô chamando de problema nuclear é simplesmente aquele do qual todos os outros nascem, como galhos de uma árvore. É aquele ponto na linha do tempo da sua vida que você circula em vermelho sem a menor sombra de dúvida. É aquele que você não hesitaria em circular se te pedissem pra marcar só um, o pior momento dentre tantos que você achava que fossem igualmente devastadores ou tanto quanto ou muito perto. Ledo engano! Depois do momento de iluminação óbvia de ontem, meu problema nuclear me saltou aos olhos como uma aparição. Em 15 anos, ele, como uma árvore, ganhou proporções gigantescas. Ramificou-se em vários outros problemas, como uma árvore com muitos e muitos galhos e folhas. Ficou, portanto, quase oculto por todos os galhos ou, muito sabiamente, quieto debaixo da própria sombra. Essa árvore, ramificando ao longo dos anos, só me distraindo com seus galhos, os problemas menos importantes e adjacentes, foi se alimentando de mim, da substância da minha vida, no silêncio e na própria sombra. É uma imagem incrivelmente poderosa.

#epicwin

Acho que eu cheguei numa espécie de ground zero. Eu sei aonde eu me encontro agora. Sou eu, beeeeeem pequena, mas com uma visão muito clara: estou frente a frente com meu problema nuclear.

What happens now? I have no idea. Eu é que não vou fazer nenhum movimento brusco. Mas nada pode tirar a clarividência desse momento. E precisava ser escrito. Isso me deu uma sensação diferente, eu nem sei como nomear. Um rio de desespero ficou na noite de ontem. E hoje eu acordei... Não sei... Talvez, até, um pouco mais forte. Talvez seja a calma de saber, pela primeira vez em 15 anos, aonde eu estou. Eu estou bem na frente do monstro e, incrível, ele não me assusta. Talvez a ausência de desespero venha justamente dessa imagem, da possibilidade inédita pra mim de conseguir enxergar, pela primeira vez, que eu e a árvore somos duas coisas diferentes, somos dois distintos. Eu e esse mal tão grande que me comia de dentro pra fora NÃO SOMOS UMA MESMA SUBSTÂNCIA. E agora eu posso lutar contra isso que quase me comeu viva. Como, com que armas e quanto tempo vai levar essa batalha, eu não posso saber ou dizer.

Eu vou ficar em pé, por enquanto, desfrutando do alívio que é a ausência de desespero. Eu preciso disso. Meu peito não sabe o que é um alívio faz tempo.


Elvis Presley - Amazing grace

Quase me esqueci de acrescentar isso: acho que foi uma coincidência eu ter assistido a esse filme ontem, também, antes de apagar. Justo esse. Não poderia ter sido qualquer outro? Sim, mas foi esse: The Butterfly Effect.

Nunca me interessei por assistir a esse filme particularmente, mas tava olhando a programação dos canais Telecine e foi o único que me chamou a atenção. Se fosse chato ou se eu não gostasse nos primeiros minutos, teria mudado de canal pra ver a Gimenez ou o tio Ronnie. Mas achei interessante e fiquei até o final.


Efeito Borboleta (trailer)

"Algumas pessoas querem esquecer o passado, outras querem mudá-lo". Imagina poder mudar o passado apenas lendo o seu diário? rs Não é uma idéia muito louca -- nem muito original. Eu mesma já li meus primeiros diários em busca de pistas sobre mim mesma. A memória da gente arquiva muita coisa com o passar do tempo ou simplesmente esquece, deleta algumas memórias pra dar lugar pra outras novas. A leitura de um diário pode trazer coisas importantes de volta à superfície... Eu lia em busca de respostas pra perguntas do tipo: "Onde eu errei? Em que momento eu fiz minha primeira escolha errada? Onde eu poderia ter feito diferente que foi determinante no meu futuro"? Eu não achei essas respostas.

Fiquei admirada de ver como eu era ciumenta, possessiva, briguenta e muito, mas muito passional quando criança. Eu ri horrores no início da leitura, das coisas que eu registrei. Depois me admirei com palavras bem fortes que eu já conhecia -- e não lembrava, o que me chocou um pouco. Não exatamente potty mouth, isso também, mas um jeito de falar que não bate muito com idade de vestidinho frufru, sabe? Achei criança no conteúdo, mas muito adulta na expressão. Depois fui ficando horrorizada com a repetição do que se passava, ao descobrir que aquilo era meu modus operandi, o comportamento. "Que horror, essa menina não tem mãe"? Imagina, disse isso sobre mim mesma. ¬_¬ Fecha parênteses e de volta ao filme...

O que eu achei interessante é que pra cada momento no passado que o personagem do Kutcher voltava, fazia tal e tal coisa diferente e a vida dele terminava de um jeito. Mas o mais curioso é que, mesmo com a possibilidade e o poder de mudar o passado, ainda assim, sempre tinha algo desagradável no futuro esperando por ele como conseqüência das escolhas que ele fez. Então, imagina: você volta, faz diferente e mesmo assim fica uma merd4? De que valeria poder voltar? ¬_¬


Bom, o fim do filme explica. Ironia pouca é bobagem -- again. Pro cara se dar bem e pra todos ao seu redor não sofrerem as conseqüências nefastas das escolhas que ele faz (daí o efeito borboleta do título), ele é obrigado a mudar o passado fazendo a ÚNICA ESCOLHA que JAMAIS FARIA se tivesse escolha. o.O Eu sei, como assim, right? Mas é assim mesmo, tem que ver o filme. :) "Tudo vai terminar no início"... Recomendo. Várias cenas de violência, thriller psicológico, mas vale a pena.


Butterfly Effect, The
USA 2004 109:56
Conturbado com traumas de sua infância, Evan (Ashton Kutcher) descobre um jeito de voltar ao passado para tentar consertar sua vida atual. Em cada retorno, ele descobre um presente cada vez mais assustador.

Lu & Ju: vocês duas, párem com isso já e vão almoçar already, at once, sim and please. Nous sommes entendus, d'accord?

4 comentários:

  1. Que ótimo, Bella.
    As coisas se ajeitam e uma hora ou outra [as vezes demora!] a gnt cai na real e arruma novas maneiras de viver essa nossa vida louca!
    Eu faço terapia e tem sido cada dia que passa essencial na minha vida.
    "pancadinha" e "nórotica" não mais... kkkkk
    Desejo toda sorte do mundo e cuidado com essa nova descoberta.. passos leves!
    Bjo grandão!
    Tô sempre por aqui

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  2. Duas coisas. Já que o espaço é seu, você fala o que quiser, ora. E se as pessoas percebem que algo não vai bem, perfeitamente normal a mobilização ou o esforço para animá-la. Se bem que tem gente que nem lê nada que tenha mais que dez linhas, viu? he he

    A outra coisa é: tô me sentindo culpada! Uff! Viver sem expectativas é muito além de mim, mas tento não ter atitudes extremas, pois já fui muito assim. Talvez ainda seja. Então, tenta esse caminho. Pode ajudar.

    Bjs

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  3. Eu me encontro em um ponto bem parecido com esse também, e meu "nó" tem onze anos.. E coincidentemente marquei terapia hoje. Achei interessante demais vir aqui e ler isso. Abraços, boa sorte.

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  4. Eu já fui de esperar muito e ter expectativas em relação às pessoas, principalmente - e só me ferrei !!! acho que tenho um tipo de um escudo agora, não fico mais criando expectativas como antes, acredito que seja algo natural que se instalou em mim já há algum tempo atrás....

    Entendo o que vc está passando, mas ao mesmo tempo espero de coração que vc siga logo em frente , sem filosofias ou metáforas, espero de coração que vc veja mais o lado prático da vida e recomece a viver, espero de coração que vc esteja entre a gente , num dia desses, almoçando, conversando, dando gargalhadas...é isso que desejo pra vc...

    bjos

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